Para que servem as eleições?
Vivemos numa sociedade em que se diz que o chamado Estado Democrático de Direito dirige nossas ações, isto é, para que vivamos em harmonia, nos submetemos às regras de convivência e demais relações à que estamos sujeitos em sociedades como a brasileira, que seguem o Direito de origem romana, por exemplo. Temos nossa Constituição e suas leis e regulamentações para seguir. E as eleições estão entre estas leis. A cada dois anos escolhemos nossos representantes, ou para os governos federal, estadual ou para o governo municipal, sejam presidentes e governadores ou legisladores no Congresso Nacional e na Assembléia Legislativa ou para prefeitos e vereadores nas Câmaras Municipais. E eles, por sua vez, também estão submetidos às leis, que outros, ou eles mesmos, criaram.
E para que serve as eleições? Para escolher pessoas que seguirão as leis ou para que nos representem? Muitos deles nem seguem as leis e nem nos representam. Seriam estes uma maioria? Creio que sim, e faz tempo. Pergunto, para que servem as leis? Outra questão: Quem fez as leis? Os deputados e senadores? E quem são estes homens e mulheres? Qual a origem social deles? Mas independente de eles serem ricos ou pobres, quais interesses eles realmente representaram e representam?
Pensemos sobre isto. Se os homens e mulheres que lá estão, seja na Câmara Municipal ou no Congresso Nacional, na Presidência da República, no Governo Estadual ou na Prefeitura Municipal, se eles realmente nos representassem, decidissem e fizessem aplicar o que foi decidido em favor do nosso interesse, não é verdade que hoje nossa vida, nossa cidade e o Brasil não estariam muito melhores? Veja bem, as eleições no Brasil não são uma novidade. Faz tempo que há eleições no Brasil. É claro que ficamos de 1964 à 1985 sem eleições, por causa da Ditadura Militar, mais um período lamentável em nossa história. Mas antes já havia eleições, aliás, o presidente João Goulart, deposto no golpe militar de 1964, fora eleito pelo povo brasileiro. Muito bem, se há algumas décadas já elegíamos aqueles que pela lei seriam nossos representantes, portanto representantes dos nossos interesses, da maioria da população brasileira, que é pobre, por que ainda hoje há tanta desigualdade neste país, na nossa cidade?
Pergunto novamente: Quem fez as leis? Diante desta realidade pobre, violenta, desigual, só posso pensar que quem fez as leis não pensa em segui-las, nunca pensou nisto, apenas as fez para utilizá-las como instrumento de engano, de ludibriação do povo. Quem criou as leis só pôde pensar numa única coisa: “Eu e o meu grupo criamos as leis, mas elas só servirão para enganar o povo, pois eles vão pensar que nós, assim como eles, também seguimos as leis. Mas nós, como somos espertos (e mau-caráter), não seguiremos as leis, nós fingiremos que às seguimos, mas na verdade, agiremos do jeito que quisermos e nada nos acontecerá. Pois quem vai nos fiscalizar? O povo não está nem aí! Nós mesmos nos fiscalizamos, e quem de nós vai nos dedurar? Quem vai ser alcagüete (cagüeta) entre nós?”.
É mentira que “o povo não está nem aí”. É verdade que a maioria de nós não liga mesmo, mas é verdade também que isto está mudando e que muitos de nós estamos de olho no que acontece.
Você sabe que as leis são uma farsa, respeita-se o mínimo possível das leis, só para não “dar na cara”, para que a roubalheira não fique tão escancarada. As leis existem para pensarmos que todos são iguais, pois seguem as mesmas regras. Na prática sabemos que a realidade não é assim. Somos constantemente enganados. E as eleições são mais uma enganação. Pois este Estado que aí esta, com estas leis, não serve de nada para nós. Quem vai fazer algo por nós, maioria da população brasileira, seremos nós mesmos, mais ninguém. Ou todo mundo vive bem ou todo mundo vive mal. Ou destruímos esta sociedade e suas leis e construímos outra sociedade ou todo mundo vive mal.
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