quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Biqueira Literária - Repressão aos poetas da periferia nas ruas da Flip 2012 (Paraty)



EXCLUSIVO: PARATY FASHION WEEK?

Escritores da literatura marginal-periférica sofrem ameaças e são reprimidos na FLIP 2012, que de grande evento cultural, se transforma a cada ano na “passarela” da poesia


por Renan Inquérito e Rodrigo Ciríaco*

“Vendo pó! Vendo pó… Vendo pó…esia! Tem papel de 10, papel de 15, papel de 20, com dedicatória do autor, ainda vivo.” Eram essas frases que nós, Renan Inquérito e Rodrigo Ciríaco, gritávamos no megafone enquanto andávamos pelas ruas de Paraty (RJ) na 10ª edição do Festival Literário de Paraty (Flip), a maior festa literária do país. Megafone numa mão, livros na outra, e entre curiosos e assustados íamos vendendo nossos livros no maior estilo guerrilha, indo pra cima do povo, buscando leitor até onde não tinha. Uns achavam engraçado, interessante, outros nem tanto.

O fato é que estávamos ali representando os escritores independentes, periféricos desse país, escritores sem editora, que fazem das ruas seu stand. Enquanto a Flip tinha a sua livraria oficial, a Livraria da Vila, a gente levou um pouco da nossa livraria oficiosa, a Livraria da Vela: Fa-Vela!

Logo de início paramos perto de uma ponte, uma via pública na parte central do evento e começamos a recitar poesias aos que passavam. O sarau improvisado logo foi batizado de “Sarau da Ponte” – lembranças aos Maloqueiristas.

Tudo ia bem até o segundo dia, quando um fiscal da Prefeitura, acompanhado de um policial nos abordou dizendo que era proibido comercializar livros daquela maneira, estávamos ferindo a Lei Orgânica do Município, e que era pra gente parar porque se não aquilo ia virar “uma feira”, além do que, estávamos fazendo apologia às drogas porque dizíamos que vendíamos PÓ.

Explicamos: “vendemos pó-esia, irmão”. Mas o policial militar, que se identificou juntamente a fiscais da prefeitura, seguranças e organizadores do evento, disse que o problemas estava na “interpretação” – ao que retrucamos: Drummond, homenageado da Flip 2012, escreveu: “No meio do caminho tinha uma pedra”, ele estava vendendo crack? (Assista ao vídeo “Biqueira Literária”)

Pra evitar um transtorno maior, decidimos circular, fomos vender os livros em outro lugar, longe dos olhos dos fiscais, mas no outro dia, lá estávamos na ‘bendita’ ponte, e logo eles chegaram de novo, dessa vez com reforços, até porque estávamos armados com livros de alto calibre: #PoucasPalavras, Te Pego Lá Fora, Pode Pá Que é Nóis que Tá, 100 Mágoas, nossos trabalhos, considerados por eles drogas de alta teor de intoxicação e periculosidade.

Ameaçaram apreender os livros caso não saíssemos do local e ainda ameaçaram nos enquadrar por desacato à autoridade, disseram que não tínhamos alvará de “funcionamento” – nós questionamos: desde quando um escritor, detentor dos direitos autorais do seu livro, estando em uma festa literária, com um produto cultural, em via pública precisa de “alvará” para trabalhar?
Ainda mais se tratando de um país que tem, em todo o seu território nacional, menos livrarias funcionando do que apenas uma única cidade, como Buenos Aires na Argentina! Nós deveríamos receber apoio, incentivo e não ameaças, repressão, sermos constrangidos!

Para resumir: na maior festa literária do país, a prefeitura de Paraty (RJ), a polícia do Rio de Janeiro, os organizadores da Flip 2012, agiram como sempre fizeram: ignorando os escritores marginais, independentes e suas respectivas manifestações, expressões artísticas que aconteciam nas ruas, legitimando apenas a literatura passiva, ‘official’, dos stands, das grandes editoras, em um evento onde pagava-se R$ 40 para assistir os debates, em uma festa financiada por uma lei de incentivo à cultura e patrocinada por um banco que quer pintar a cidade toda de laranja.

Liberdade de expressão, direito de ir e vir: ZERO! Quer saber? Se formos seguir a letra da lei, quem não tem alvará são eles! Eles que não tem alvará para nos entupir apenas com livros da chamada “literatura oficial”, com marcadores de páginas cheios de logomarcas famosas muitas vezes financiadas com recursos públicos. Interferindo e alterando totalmente a configuração da cidade, tombada pelo Patrimônio Histórico da Humanidade.

Será que a Flip pediu alvará de funcionamento para os índios e quilombolas que vivem em Paraty antes mesmo da chegada do homem branco? Não vi nenhum estande pros índios e quilombolas venderem seus artesanatos, estes ficavam no chão, no meio da rua se quisessem. E pudessem, já que a repressão dos fiscais, também atingia a eles, algumas vezes.

A passarela da poesia, a “Paraty Fashion Week”, parecia mais uma verdadeira balada literária – perdoe-nos o trocadilho, Marcelino Freire -, e nós, os escritores marginais, periféricos, independentes, fomos lá pra preservar o patrimônio histórico do povo brasileiro, o inconformismo e a coragem que ainda nos dá uma ponta de esperança. Mas como diriam os Racionais MCs: “Nossos motivos pra lutar ainda são os mesmos”.

Todos os artistas de rua, poetas e escritores frequentadores das quebradas dos saraus, da literatura marginal, independente, viva, da cultura periférica fazem muito, muito mais para a diversidade e riqueza de nossa cultura, do que muitos bancos privados, prefeituras vendidas e polícias repressivas. Não precisamos de autorização nem de alvará para o nosso funcionamento. A nossa cultura é livre. E as ruas pedem livros!

*RenanInquérito é músico, poeta, educador, geógrafo e integrante do grupo de rap Inquérito; Rodrigo Ciríaco é educador, escritor, integrante do coletivo cultural Os Mesquiteiros.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

FIFA confirma Araraquara na Copa 2014


E que o “progresso” pra cidade não venha somente através de aquisições de hotéis, centros de treinamentos, shoppings centers, mas com melhorias na educação, saúde e transporte público... Acorda Araraquara é ano de eleição e os porcos estão à solta!


FIFA confirma Araraquara na Copa 2014
Cidade foi anunciada como subsede do Mundial de 2014, que será realizado no Brasil

Data:  01/08/2012, às 12h26 FONTE: SimNews 

Araraquara foi confirmada como uma das cidades escolhidas pela FIFA para ser subsede da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. O anúncio foi feito na manhã desta quarta-feira (1), durante um encontro com representantes do comitê e do Governo do Estado, em São Paulo.
Foram 32 subsedes em todo o país – 19 delas no Estado de São Paulo. A lista inicial tinha mais de 100 cidades. A confirmação deve acelerar uma série de investimentos na cidade, uma vez que o município passa a integrar o livro oficial da Fifa e fica à disposição das seleções. “Portugal, Arábia Saudita e Japão já demonstraram interesse em conhecer Araraquara para a realização da pré-temporada na cidade”, afirmou o prefeito Marcelo Barbieri.
Dentre os fatores que pesaram favoravelmente estaria a localização e o complexo esportivo que a cidade dispõe, como a Arena da Fonte, o Centro de Treinamento do Pinheirinho, além da rede hoteleira. “Araraquara é a única cidade da região central credenciada agora pela Fifa”, completou o prefeito, que afirmou ainda que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, já confirmou a liberação de investimentos para o município. "É preciso melhorar ainda mais o Centro de Treinamento. O governador também se mostrou disposto a liberar recursos para a construção da Marginal das Cruzes”.