quarta-feira, 3 de março de 2010

ENTREVISTA - Sr. José Antônio " lições que a vida ensina" por Dé

o observar aquele "jardim público" muito bem cuidado, na divisa do CECAP com o Distrito Industrial, pensei: Quem será que cuida desse lindo jardim?

Bem cedo ao passar de busão pelo local, tive uma pequena dica ao ver um senhor de certa idade, sem nenhum uniforme, indicando que não trabalha para empresas e sim por conta própria, pelo prazer de conviver com a natureza.
Nessa época de destruição do meio-ambiente, resolvemos divulgar o trabalho pouco conhecido e reconhecido desse senhor, que cuida e preserva parte da natureza do Complexo D.C.I., boa leitura.


Qual é seu nome, idade e onde nasceu?
José Antônio Rodrigues, 72 anos, Jaú-SP.

Há quanto tempo mora no bairro?

30 anos em Araraquara, no CECAP faz 20 e poucos porque, já que saiu às casinhas, eu comprei, eu trabalhava na Cutrale no setor de transportes na parte mecânica e então eu ficava em pensão porque a minha família não morava aqui.

Conte como e quando começou este bonito trabalho com as plantas?
Você esta vendo aquela ilha lá em baixo? (apontando uma referencia a um lixão), aqui era do mesmo jeito, então quando a gente saia aqui em frente se deparava com saco de lixo, aquele mau cheiro, pegava o lixeiro levava a mesma coisa.Um dia eu falei pra minha esposa, um dia eu vou acabar com essa baqueara e vou plantar plantas frutíferas pros passarinhos, enfim árvores nativas também.

Qual sua profissão? Tem a ver com as plantas?
Não, minha profissão dos 12 anos até os 58 foi mecânica de caminhões pesados, tratores.

O que te inspira, motiva a fazer esse trabalho?
Uma árvore uma vida, principalmente meu objetivo são esses passarinhos que hoje em dia que quase não tem mais lugar pra ficar, você vê, tem dias aqui que você encontra bastante passarinhos, ninhos, lugar pra ele dormir, enfim, a natureza também o ar puro.


Como o senhor vê a destruição do meio-ambiente?
Eu acho, que não é de agora vêm, quando começou a produção de café acento e tantos anos atrás, eles não respeitavam, mas também eles não sabiam da conservação da água, do solo né, o que era pra derrubar eles derrubavam tudo. Depois veio a década de 50 pra cá com tratores pesados aí acabou com tudo. Porque onde o trator chega ele limpa.
Tem lugar que já tá fazendo, essas beiras de rio o IBAMA tão reflorestando. Esse é um dos primeiros passos a seguir, mas muitas vezes você vê escolas plantando árvores (nesse momento interrompemos a entrevista para apreciar as várias maritacas que sobrevoam o local); que nem estamos falando, você vê na tv as escolas incentivando as crianças, eu acho tudo uma politicagem que não é o certo.
Vai lá e planta uma árvore, mais ninguém fala que você tem que cuidar dessa árvore como um bebê por dois anos. Eles plantam, dão as costas, a plantinha morre. Eu digo isso porque, a minha filha se formou na UNESP aqui em Araraquara, e no dia da formatura deles eles fazem isso sempre, plantam uma árvore lá, nisso se passaram cinco anos. Ela foi pra Salvador trabalhar na área dela, ela disse:

- Ó pai, vamos lá na UNESP eu quero ver a nossa árvore com ela está.

Aí chegamos lá na maior decepção, não tinha nada. A gente fica até revoltado, porque não adianta você plantar, tem que cuidar, a árvore é com uma criança, até os dois anos você tem que por uns pauzinhos, amarrar, escorar pro vento não dobrar, até ela se formar.

O que o senhor acha que mais mudou da época de sua juventude para o mundo atual?
A minha vivência foi numa época de dificuldade, meus cinco anos era guerra mundial, então a guerra ensinou muita coisa pra gente que era pequeno e a gente lê em livros, no Brasil não teve guerra aqui, mas teve conseqüências que foi pior, faltou alimento. Eu não tenho vergonha de falar, nós éramos muito pobres, ficamos três anos sem saber o que era pão, porque não tinha farinha, não tinha azeite, óleo de comida, açúcar e outras coisas, gasolina essas coisas sumiram. Mas nessa época tinha preocupação com o meio-ambiente.

Conte um sonho que conseguiu realizar, e algum outro que pretende concretizar.
O meu maior sonho que eu tive foi da minha profissão, dos meus 12 anos eu sempre quis ser mecânico. Bom nos meus 72 anos não é que eu tenha um sonho, mas deixar esse lugar em baixo (referindo-se ao terreno que preservava há 14 anos), onde tem proprietário e aqui é da prefeitura, não é da gente também né? Mas, eu acho que nada mais de lembrança pra gente, pra minha netinha que ajuda aqui é as plantas. Eu tenho certeza que a prefeitura não irá mandar cortar, só se tiver um prefeito que não tenha, bom isso nunca vai acontecer.

De a receita para chegar a essa idade com tanta energia e disposição.

E não posso dizer isso pra você isso, eu acho que a gente nasce nesse mundo e um criado diz que tem a hora de nascer e de morrer, quando chega à hora de deixar esse mundo... Não é bem um destino. Eu tenho meus problemas de saúde não há quem não tenha! A única receita que eu posso te dar é de vivencia, é não facilitar, não abusar da saúde ter um horário de dormir, levantar, noitadas há isso acaba com a saúde da pessoa.


O que é a natureza para o senhor?
A natureza é de Deus.

Para finalizar, deixe uma mensagem, uma frase, para os leitores do informativo.
Em cada planta, em cada passarinho que estiver voando, em cada inseto, em cada pessoa admirando e o poder de Deus até o que ele pode fazer. Isso aqui era um lixão e então não sou só eu, a mão de Deus faz a planta florir, dar frutos.






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