Um louco dista poucos passos do outro
Atado a um canto
Cujo pranto tanto fere como faz sorrir, no entanto
Na plaqueta “Proibido cães e pretos”
O passado é ontem
Anteontem já faz muito tempo
Olho o céu e penso em quanto tanto e pasmo!
É do meu tamanho e fundo
Não é mais que um ponto
O poeta gago e torto
Que cuspiu um verso magro e tonto
Ce cagou aí?
Não, é só o cheiro que sobe do viaduto
Enquanto os pretos são paridos pelos cus do mundo
Ao cair da noite
Acendo um fino e vou pelos becos
Pelas gentes de olhar turvo
Pela tristeza cinza dos prédios e dos velhos
Passo pelos meninos mijando na calçada
e seus espectros, seus ossinhos, sua fome
e meu passo apenas passa pelo sono, pelo insano
Em silencio
Sorrio um sorriso proletário
Com a ponta entre os dedos
Queimo o desespero num trago
entre a fumaça e o sossego
Que me importa o beco agora?
Que me importa o trecho?
Eu só vejo o béc...
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