Os vidros fecham
Os carros buzinam
E ninguém vê
Ninguém quer ver
O menino malabarista
Que faz da rua o seu circo
Da faixa o seu palco
E como adulto, brincando
Trabalha sustentando no asfalto
A sua família
Ninguém vê, ninguém quer ver
O corpo malabares
Que em segundos é arremessado,
Jogado pelos ares
Caindo inerte dois metros adiante
Na calçada sem fama
No farol vermelho
Um carro assustado acelerou
Sobre a criança
Precipitando a distância que separa
Vida e morte
Corpo e alma
Tragédias previstas
Todos vêem
Todos param pra ver
O menino-artista
Ou o que restou
Do seu último show
De seus sonhos e traumas,
Do uniforme camiseta azul e branco
Desbotado da escola,
Das migalhas-moedas
E do farol,
Agora sempre vermelho.
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