Depois de um bom tempo volto a
escrever algo aqui no blog, estava um pouco conturbado tendo que absorver quase
que “obrigatoriamente” algumas leituras e compromissos no universo acadêmico e
que barravam por vezes deixar que a minha liberdade pudesse seguir livremente.
Quero compartilhar alguns trabalhos
que pude apreciar com mais atenção e que me fizeram resgatar a vontade de
seguir em frente e me manifestar pela arte com total desejo de propagar a
expressão pela arte.
Começo com o segundo livro do meu
mano de tempos de fanzine Rodrigo Ciríaco que lançou em 2011 o livro de contos “100 mágoas” com apresentação de
Marcelino Freire. Rodrigo em minha opinião foi muito além do que eu esperava,
pois em seu primeiro livro também de contos “Te pego lá fora” (2008), em que retrata o cotidiano da escola e
seus atores, em “100 mágoas” ele
também retrata o cotidiano, mas esse muito mais próximo da realidade de muitas
pessoas. Contos de tirar o folego sem pausa sem vírgula (muitas vezes como a
vida é), contos que nos fazem rir, sofrer, sentir ódio e até chorar, pois
tamanha foi à preocupação em transformar em arte através das palavras a
complexidade da percepção e sensibilidade. Destaco os contos: O sonho de Leni; Maria; Cansei; Sem mágoas;
Mãe de aluguel; e O pulso ainda pulsa.
Mais especialmente tive a oportunidade
de conhecê-lo esse ano no sarau ParadaPoética organizado pelos manos Renan Inquérito e o fotógrafo MarcioSalata, realizado em Campinas. Depois de 7 anos trocando cartas e fanzines (Efeito-Colateral) pude abraçá-lo,
conversar e assistir suas intervenções poéticas. Dia mágico e gravado na
memória.
Outra indicação e a música “Na febre do rato” do mano King Trip com
produção do meu hermano de som Anselmo Nômade e gravado por Lincoln Rossi
(Correra Record’s) que irá compor seu novo trabalho com a música RAP. King é
conhecido por transitar por diferentes estilos e por trazer ao mundo a ideia
certa e direta em relação ao cotidiano urbano apresentado sempre uma sonoridade
completa de qualidade seja nos instrumentais como nas letras. “Na febre do rato” é uma metáfora (acho
que posso definir assim) em relação às pessoas que transitam pelas cidades e
que estão encurraladas nessa imensa jaula que é o sistema capitalista, que
passam a conviver cada vez mais com mesquinhez, o individualismo e a
competitividade.
E por fim quero destacar um filme francês
divertidíssimo e muito especial, “Intocáveis”
dos diretores Eric Toledano e Olivier Nakache, com os atores François Cluzet, Omar Sy, Anne Le Ny, que retrata momentos simples da vida
na relação de um senhor de aproximadamente 50 anos tetraplégico rico totalmente
dependente de muitas pessoas para continuar vivendo e de um jovem imigrante negro
pobre desempregado que se vira como pode para sobreviver, ambos com problemas
familiares (bem distintos) que influenciam diretamente na forma como procuram
seguir as possibilidades de existência. Unidos pelo destino e que passam a ser
grandes amigos. Temas como família,
segregação social, oportunidades com uma dose certa de humor. O filme só
escorrega um pouco com cenas de machismo identificados em diversos instantes
que pode provocar algum desconforto entre os mais céticos, mas que retrata de
certa forma parte de nossa passagem em vida. “Intocáveis” toca em ponto que a meu ver é uma das questões mais
emblemáticas que temos que conviver, a questão da relação com o próximo/semelhante.
Porque lidar com os outros não é fácil!
Segue aí as dicas para darmos mais
sentido à liberdade de expressão manifestada em arte, três trabalhos dignos de
reconhecimento e total atenção.
Firmão!
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